cansado da dor da existência
me foquei na existência da dor
a doença como remédio
a face oposta do amor
tenho sentidos aguçados
e vontade de me anestesiar
enquanto respiro me calo
e quando grito falta ar
o relógio em descompasso
o peso de tanta lamúria
tesão por quase nada
despretensiosa luxúria
eu vou te escrever um poema
listando todas as tuas falhas
palavras na mão de ofendidos
são sangrentas navalhas
e quando vier a gangrena
e o câncer já instalado
vou te escrever uma carta
te ofender será meu legado