a lenda ressurge e engloba a própria ficção com símbolos, velas e vandalismo psicomoral
as pernas que ondulam sua vergonha são as mesmas que sucubem ao desespero em posição fetal
as frases que adulam são as mesmas vozes que carecem do eco torturante da compaixão do umbral
a serenidade benzodiazepínica é a glória das novas incursões aos limites do abismo
e eu sei que é tentador rir do enforcado enquanto ele se debate clamando entonações maníacas ao seu nome
e eu sei que é tentador sentir pena como minimização de um passado desastroso e um presente anestesiado de ópio e flores
mas esse sentimento é tudo que lhe resta antes da sua própria jornada de decadência
e lá estarei, sorrindo, como sombra e espelho da caricatura que se tornou a sua pálida e pesada alma