Você se lembra da vida sem Internet?
Telefone, pião, bater figurinha, tocar campainha dos vizinhos e sair correndo, pichar sarcófagos no cemitério e assistir cine privê.
Sem apostas, sem poemas, sem romances platônicos virtuais.
Você se lembra da vida sem Internet?
Telefone, pião, bater figurinha, tocar campainha dos vizinhos e sair correndo, pichar sarcófagos no cemitério e assistir cine privê.
Sem apostas, sem poemas, sem romances platônicos virtuais.
No que você manda bem?
Fazer trabalhos técnicos. Ofender as pessoas. Mergulhar nas profundezas do ser. Explodir o mundo em dias tediosos.
O que “ter tudo” significa para você? É algo viável?
Ter tudo gera tédio. E o tédio criou Adão.
Com quem você gostaria de conversar em breve?
Com as entidades oníricas que me encontram nas madrugadas.
Esta semana estive dormindo e me recordo de estar do lado de lá e falar para alguém: hora de voltar. E acordei engasgando com um agonizante refluxo gastroesofágico.
Quem é você?
Quais pertences pessoais são os mais preciosos para você?
Dipirona, omeoprazol, ciclobenzaprina e zolpidem.
Você tem alguma coleção?
Coleciono histórias absurdas. E pensamentos insanos. Tô tentando mais um pra coleção.
Qual legado você quer deixar para a posterioridade?
Virar fóssil, depois petróleo e, por fim, alimentar as máquinas que terão tomado o controle de tudo.
O que você acha do frio?
Agradável para escrever. Um bom lugar pra ler um livro. Harmoniza com jazz e música erudita. Economiza o ar condicionado.
E me insere nas mais loucas aventuras amorosas, platônicas ou não. Sempre irreversíveis e pernósticas.
Você já quebrou algum osso?
O úmero numa praça. Bêbado e motivado a qualquer besteira.
Uma cirurgia complexa com estilhaços de cotovelo. Muito titânio, placas e parafusos. Um bom tempo pra ficar melhor.
Recentemente quase quebrei o tornozelo e o pé caindo de algumas pedras escorregadias em São Thomé das Letras depois de 6 dias sem dormir. Algo combinado com o obscuro. Foi uma lesão. De recuperação lentíssima.
E uma vez quebraram o pulso acertando um soco nas minhas costas. Tenho costas quentes e péssimas escolhas para pessoas que quero amar.
Como você equilibra a vida pessoal e profissional?
Desequilibro as duas. Como o mundo pós-moderno requer. Burnout com comportamento antisocial.
Quais sacrifícios você já fez na vida?
Permanecer vivo.
Meu umbigo.