súcubo e/ou só você

Três horas da manhã.
Você está em cima de mim.
Suas mãos neuróticas e sempre bem afeiçoadas apertam meu pescoço.
Suas unhas constrangem minhas carótidas e jugulares.
As aranhas que cultivo no meu quarto não fazem nada.
Meu cachorro cego e gagá não faz nada.
Perco o ar.
Agonizo
Constato, por inoportuno, que sua feição de ódio é mais interessante do que a de prazer.
Sinto no seu gozo gosto de ambição e vaidade.
Não são pecados meus. Ao menos estes não.
Morro.
Sem cruz.
Sem ascensão.
E levanto.
Tonto, com fome e constipado.
Dou uma tragada em um cigarro eletrônico de menta que ainda não diz como vai ferrar comigo.
Nicotina.
Você não está mais ali.
Não sei se esteve.
Nunca soube como era sua verdadeira forma.
Eram muitas camadas.
Roupa por cima da pele.
Pele por cima de carne.
Carne por cima de osso.
Osso por cima de mim.
Deus acima de todos.
E eu afetuoso ao arquétipo satânico.
Retomo meu manco equilíbrio mental.
Meu cão me olha irritado posto que amolei seu sono.
E volto para cama.
Com a medíocre certeza de que ao menos alguém superou nosso lindo caso de terror.

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