a violência que habita a natureza de forma inata não é a mesma violência que habita o ser humano de forma perversa
nossos amores são pulverizados nas nossas adversidades
nossa gratidão esbarra nas nossas conveniências e nossas pretensões
meu cão é belo e me adora pelos quitutes, mas os pernilongos eu mato raivosamente
sou parte da violência
ao mesmo tempo abusado e abusador
consagrado com a interrogação da vida e perpetuador viral de algo maior
penso que a humanidade é um único ser dividido e autoreprodutor
e esse ser, em seu todo e perfeito tédio, é o mais próximo que posso conceber de deus
e ele só pode ser violento e perverso, como nossa imagem e semelhança
conectando-me com a carniça que é a moral humana, posso me revelar além das aparências das bordas mal traçadas do meu consciente
posso não gostar do jogo da vida, mas certamente foi decisão minha jogar, como parte de um pensamento irradiado do ser primordial
e isso me entristece
pois reconheço meu gozo na violência, o que até então achava que não era meu
por isso vou deitar com a luz acessa, pois mais uma vez tenho medo dos meus pensamentos
Quem não o tem, não apenas pensa, faz…
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