a casa tem vida
movimento
distração
tem foto
na parede
louça
na pia
falação
mas a casa
tem segredos
obscuros
sorumbáticos
e perversos
tem choro
ao longe
nas noites
frias
gemidos
dispersos
tem ritual
de baixa
densidade
no
astral
a comunhão
pacífica
é apenas
uma
fachada
virtual
a casa
testemunha
o poema
dos
ordinários
o acorde
dos
hipócritas
a vontade
reprimida
dos
acuados
os
degenerados
moabitas
até
o
dia
que
a
chama
da
vela
tocar
a madeira
e virar
fogaréu
a casa
seguirá
sendo
um
inferno
dissimulando
ser
céu